quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Reminiscência Natalina

Minha árvore genealógica materna cresceu forte sobre raízes e tronco judaicos, de modos que nunca comemoramos, em casa, Natal.
Meu pai, entretanto, não é judeu e, apesar de já ter sido coroinha, nunca encontrei nele qualquer vestígio de religiosidade, excetuando as ocasiões nas quais ele dizia que era “ateu, graças a Deus”.
Sua irmã, por outro lado, tem prazer em receber meus pais, minha irmã e eu para a ceia natalina junto dela, meu tio e primos.
Tia Fátima não é carola. Topou sem neurose, por exemplo, que minha prima e o namorado dormissem juntos.
A despeito disso, eu diria que é uma católica praticante: freqüenta missa, canta no coral da igreja, guarda na cabeceira da cama o terço com o qual ora diariamente.
O aniversário de nascimento de Jesus de Nazaré na casa da Tia sempre me intrigou, especialmente em função do quadro fúnebre que eles têm na sala, com a imagem do Cristo sangrando, coroado de espinhos.
A ausência completa de formação cristã me impedia, definitivamente, de estabelecer qualquer relação entre a tortura e a comemoração.
Outro dia, contei ao meu pai que tive medo de Jesus na infância.
Ele achou graça.

Um comentário:

  1. Puxa, devia ser difícil ver as outras crianças ganhando presentes hein? Pois com uma mãe judia e um pai ateu as perspectivas não eram muito boas no natal!

    Eu nunca tive medo de Jesus (já de Deus...). Também não digo que chegava a ter dó. Ficava horrorizado com os sofrimentos, muito intrigado e maravilhado com os milagres e, quando eu mesmo me encontrava em sofrimento, desejava ser seu amigo ou ter uma gota do seu poder.

    Feliz Natal pra vc e pros teus!

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