segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Dutra*

A primeira vez não era dia ensolarado no Recife ou noite escura em Petrogrado: ela, sobrevivente, apoiada em meio fio de razão concreta; ele, manco, escorado em muleta ideal. A segunda, a terceira e a outra ordinariamente iguais. No dia do vendaval, a casa caiu. Faltaram pernas, faltaram braços, faltaram bocas e cabelos e olhos e orelhas e unhas e ânus e sêmen e seios e sol e chuva e chão e cama e nucas e narizes e cheiros e razão e muleta. Na seqüência e mais além, extraordinariamente, o mesmo. Risco de queda era parte do jogo.
Do chão, pouco passa.
*(de 2002 em revisão)

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