domingo, 23 de novembro de 2008

Idvertência

Ultimamente tenho demorado a pegar no sono, embarcando em divagações sem fim no cais noturno, acerca de assuntos que talvez também aflijam seres humanos parcos feito eu e, além destes, outros, que a mim só dizem respeito, e venho, inclusive, pensando sobre o interesse que, porventura, alguém tenha nessa espécie de mote, porque, afinal, se escrevo, devo ou deveria ter em vista ou mente um leitor qualquer com o qual eu pudesse compactuar, ainda que esteja, deveras, irremediavelmente só sobre meu colchão semi ortopédico, em companhia apenas de cigarros, microcomputador e uma fotografia antiga de minha avó calçada em pantufas cinzas e peludas quando era, imagino, meu primeiro inverno, mas a verdade é que escrevo, num grau patológico, cartas e poemas destinados exclusivamente a mim, levando em consideração uma verdade relativa à perspectiva e minha concepção de que sou também outros, incluindo o Senhor – e a referência é a Deus, porque creio definitivamente mais na existência independente deste sujeito do que na de um leitor onipotente, com poderes supremos sobre aquilo escrito por um homem do qual nunca teve notícia em vida; ou seja, não acredito solenemente em sua existência e tampouco, informo, na divina, embora, de fato, insista, de alguma forma lúdica, em justar contigo aqui, o que nos leva, por conseguinte, à conclusão obtusa de que não me é precisa, assim, a definição da fronteira, se é que existe uma, entre aquilo que sou e não sou mais, isto é: nalguma medida, aglutinei todo o mundo e, possivelmente, com coerência, eu seja você – eis aí o que penso de fato.
Escolhi minhas armas.

2 comentários:

  1. "todo mundo é todo mundo e ninguém é si mesmo".
    :)

    mulher fatal, você.

    eu correria o risco. beijo.

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  2. Acredito nas fronteiras... onde se dá o conhecimento sem limites. Onisciência.
    Tudo existe no perfurar, o ato absoluto. O outro lado é resto diluído.
    En garde.

    R.

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