Esclareço logo ao desavisado: sou mulher e, a despeito disso, gosto de literatura marginal, de brutalismo e menção ao escatológico.
Nesse lugar literário, pornografia e, sobretudo, pornofonia me agradam porque, feito dente quebrado e cicatriz, excetuando a gente frígida, o sexo humaniza.
Etimologicamente, berram teus músculos – filólogos graduados - ao segundo do orgasmo: viestes do húmus!
Não há epifania mais fecunda, eu acho.
Percebo, entretanto, neste universo erótico – talvez por ignorância de minha parte, falta de acesso ou, realmente, de produção discursiva feminina - a irritante presença hegemônica do homem.
Às mulheres – e, especificamente, às brasileiras -, excetuando umas poucas literatas ilustres, temos reservadas as páginas de revista masculina e folhinhas de borracharia, razão pela qual tive em mais alta conta a prostituta escritora Bruna Surfistinha antes mesmo de ler, em duas horas e meia, a versão digital em PDF, que me fora enviada por correio eletrônico, de seu "Doce veneno do escorpião".
Anticlímax.
Não encontro melhor definição para o livrinho ao qual me refiro.
Nada mais há a ser dito sobre as confissões duma prostituta na pós-adolescência que se mandou da casa dos pais depois de arrancar toda a grana dos velhos para convertê-la em pó, trabalhou em bordel de altíssima rotatividade, não tem papas na língua para descrever, nos mínimos detalhes, os meandros mais íntimos do sexo comercial e, no entanto, utiliza reticências para evitar a escrita por extenso da palavra "CU".
Alguém diz: ‘tá pegando no pé da moça; qual é o problema de usar três pontinhos no próprio orifício anal?
Respondo já: o problema é que puta desse naipe com medo de escrever cu não cola, a menos que não seja alfabetizada. Sendo, é inverossímil.
Cheguei à conclusão de que a Bruna Surfistinha não existe fora da biografia: tenho certeza de que é invenção de algum fã do José de Alencar decidido a dar voz à "Lucíola" após a derrubada das torres gêmeas porque, afinal, nem a Madre Teresa de Calcutá era tão carola.
‘A tomá no c...
Já ouvi dizer que essa tal de Surfistinha foi invencionice (ou "descoberta", segundo ele) de um jornalista esquerdopata cujo nome agora não me recordo. É tudo cena pra depois - e na realidade - fazer apologia ao pó. Você mesma percebeu isso - tenho certeza.
ResponderExcluirEssa superafetação sexual típica das sociedades decadentes... Olha, nem na Playboy e folhinhas as mulheres estão: lá estão apenas os photoshops masculinos, pegando a MATÉRia ("mater" - "matéria" - "mãe" - primeira mulher) -prima da imagem feminina in natura e remodelando-a segundo os auspícios de seu desejo pervertido, pervertedor e inescrutável.
A mulher (a mulher mesma, essencialmente fêmea e imbuída disso) não participa como elemento ativo no super-erotismo e perversão, pois eles são ambientes típicos da atividade masculina.
Nessa sentença o masculino é o sujeito e a mulher é o objeto, sendo muitas vezes o predicado.
Foi a dona Epifania que escreveu o livro dela!
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