segunda-feira, 13 de abril de 2009

Terra Infecunda: sobre a saga literária de Santa Bruna Surfistinha no meretrício

Esclareço logo ao desavisado: sou mulher e, a despeito disso, gosto de literatura marginal, de brutalismo e menção ao escatológico.
Nesse lugar literário, pornografia e, sobretudo, pornofonia me agradam porque, feito dente quebrado e cicatriz, excetuando a gente frígida, o sexo humaniza.
Etimologicamente, berram teus músculos – filólogos graduados - ao segundo do orgasmo: viestes do húmus!
Não há epifania mais fecunda, eu acho.
Percebo, entretanto, neste universo erótico – talvez por ignorância de minha parte, falta de acesso ou, realmente, de produção discursiva feminina - a irritante presença hegemônica do homem.
Às mulheres – e, especificamente, às brasileiras -, excetuando umas poucas literatas ilustres, temos reservadas as páginas de revista masculina e folhinhas de borracharia, razão pela qual tive em mais alta conta a prostituta escritora Bruna Surfistinha antes mesmo de ler, em duas horas e meia, a versão digital em PDF, que me fora enviada por correio eletrônico, de seu "Doce veneno do escorpião".
Anticlímax.
Não encontro melhor definição para o livrinho ao qual me refiro.
Nada mais há a ser dito sobre as confissões duma prostituta na pós-adolescência que se mandou da casa dos pais depois de arrancar toda a grana dos velhos para convertê-la em pó, trabalhou em bordel de altíssima rotatividade, não tem papas na língua para descrever, nos mínimos detalhes, os meandros mais íntimos do sexo comercial e, no entanto, utiliza reticências para evitar a escrita por extenso da palavra "CU".
Alguém diz: ‘tá pegando no pé da moça; qual é o problema de usar três pontinhos no próprio orifício anal?
Respondo já: o problema é que puta desse naipe com medo de escrever cu não cola, a menos que não seja alfabetizada. Sendo, é inverossímil.
Cheguei à conclusão de que a Bruna Surfistinha não existe fora da biografia: tenho certeza de que é invenção de algum fã do José de Alencar decidido a dar voz à "Lucíola" após a derrubada das torres gêmeas porque, afinal, nem a Madre Teresa de Calcutá era tão carola.
‘A tomá no c...

2 comentários:

  1. Já ouvi dizer que essa tal de Surfistinha foi invencionice (ou "descoberta", segundo ele) de um jornalista esquerdopata cujo nome agora não me recordo. É tudo cena pra depois - e na realidade - fazer apologia ao pó. Você mesma percebeu isso - tenho certeza.

    Essa superafetação sexual típica das sociedades decadentes... Olha, nem na Playboy e folhinhas as mulheres estão: lá estão apenas os photoshops masculinos, pegando a MATÉRia ("mater" - "matéria" - "mãe" - primeira mulher) -prima da imagem feminina in natura e remodelando-a segundo os auspícios de seu desejo pervertido, pervertedor e inescrutável.

    A mulher (a mulher mesma, essencialmente fêmea e imbuída disso) não participa como elemento ativo no super-erotismo e perversão, pois eles são ambientes típicos da atividade masculina.

    Nessa sentença o masculino é o sujeito e a mulher é o objeto, sendo muitas vezes o predicado.

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  2. Foi a dona Epifania que escreveu o livro dela!

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